Saturday, August 18, 2007

The Big Adventure




eternidade num segundo


À espera.... busco incessantemente essa eternidade, num segundo só... às vezes apetece-me abrir as portadas enquanto me deixo envolver pela noite e o som me transporta, notas doces e inquietas ... Nocturno 2 de Chopin. Ou até flutuar no azul enquanto a luz do sol me encandeia e me faz semicerrar os olhos... deixar-me ir... esperar ...

Friday, August 17, 2007

morro da saudade


Um sitio lindo e mágico!! Quem acorda um dia no Morro de São Paulo, suavemente, com o sol a despontar entre a floresta tropical e os carregadores molemente a despertarem enquanto trocam dois dedos de conversam e o calor se começa a insinuar levemente, deixa-se seduzir... nunca irei esquecer a minha janela sobre o morro, a deixar adivinhar o mar transparente e quente a uns minutos de distância, que se pode percorrer descalço, porque todos os caminhos são de areia, onde as portas não têm trinco e o paraíso está à espreita.... no morro não há tempo... ele pára junto com as cadeiras que baloiçam nas árvores, e com a poesia e contos de aventura que saiem com musicalidade da boca de todos os ilhéus... é por isso que lhe chamam o morro da saudade, porque quem lá vai, deixa sempre um bocadinho da sua alma e tem que voltar sempre para a recuperar. Eu também morro de saudade. Vou voltar.

Itacaré


Digo primeiro o que guardei nas mãos
E que foi um aroma
De flor nascida no mar
Misturada com outro, de dentro da ameixa
Quando é transparente
E tem debuxos de veias no acesso da pele

Digo segundo o que guardei no corpo
E foi um peso que já cá não estava
Retirado e presente
Um contentamento pisado de mucosas
Um quebranto azulado
Como se a primavera se deitasse a pensar no que fez
E não ouvisse as cantigas do vento
Ou cantigas de bicho
Mas tão somente as fontes
Branco suspiro satisfeito da terra.

Digo depois o que guardei nos olhos
E foram grandes pedaços de gestos novos
Tão antigos que a memória
De alguém em mim os conhecia
Pormenores como no cinema
Um sombrio de pestanas
Um recamado a cheio
Uma curva de lábio
Um concavo de ventre
Até que dentro das pálpebras só desfilaram rios
E eu já nada sabia do que fora ou pensara
Apenas existia ou desaguava
Como um ramo à deriva
No entrevisto do mar

Digo por fim o que guardei no coração
E que foi o teu nome.



memórias do corpo RLF