Tuesday, January 31, 2006


A sugestão do que desconhecemos faz parte do lirismo das coisas...

Friday, January 20, 2006

I´m half sick of shadows


"On either side of the river lieLong fields of barley and of rye,That clothe the wold and meet the sky;And through the field the road runs by(...)There she weaves by night and day A magic web with colours gay.She has heard a whisper say, A curse is on her if she stay (...)
But in her web she still delightsTo weave the mirror's magic sights,For often through the silent nightsA funeral, with plumes and lights And music, went to Camelot: Or when the moon was overhead, Came two young lovers lately wed; "I am half sick of shadows," said The Lady of Shalott.
She left the web, she left the loom, She made three paces through the room, She saw the water-lily bloom, She saw the helmet and the plume, She looked down to Camelot. Out flew the web and floated wide; The mirror cracked from side to side; "The curse is come upon me," cried The Lady of Shalott.
Lying, robed in snowy white That loosely flew to left and right-- The leaves upon her falling light-- Through the noises of the nightAnd as the boat-head wound along The willowy hills and fields among, They heard her singing her last song,
The Lady of Shalott.

Lord Tennyson

Thursday, January 05, 2006

se fosse um elemento


Perceber o quão feérico é o momento. Momento a momento. Até não existir mais do que aquilo que realmente nos move. Até não existir mais que uma essência. Perceber o inexplicável ao ponto de não o tentar explicar. Tão irreal como todas as correntes que movem o mundo desde os seus primórdios. Tão verdadeiramente delicado e transcendente. Tão visceral e erótico. Tão espiritualmente inacessível. Tão feminino.

Existo. Não sei há quanto tempo. Demasiado. Não sei se tenho época, pois uma mulher não precisa de uma altura específica para ser. Vivo á espera de voltar, não me lembro de onde parti, mas já foi há tanto tempo, que me lembro somente de ser feliz.

Lembro-me de ser uma menina, uma menina doce e com um sorriso constante. Vivia num sitio encantado, ou que encanta, fora desta realidade e ensinaram-me todas as grandes verdades das coisas. Vivia á beira de um lago onde aprendi verdadeiramente sobre o mundo, e sobre a magia que há dentro de nós, e só aí.

Nas suas águas paradas via-me reflectida, os meus olhos, águas revoltas, cinzentos como o céu que indicia tempestade, âmbar como as riquezas que saem da terra, azuis como as águas límpidas do mar quando está generoso, ou verdes e profundos como a floresta que me rodeava.

Meus vestidos eram leves como os elementos, tão leves como eu, pequena deusa do lago. Esse lago onde aprendi a ver reflectidas as estrelas, minhas irmãs, onde aprendi a ler nas águas paradas.

Voltei para me reencontrar... Não me recordo do concreto, como se a minha vida se tivesse volatilizado. Nós encontramo-nos nos cheiros, nos sons pouco importantes que ressoam dentro de uma parte de nós perdida na consciência. Pequenos êxtases que nos encontram sem os buscarmos. Espontâneos.


A primeira vez que senti que estava de volta foi quando ouvi a água, o som permanente, um leve murmúrio de algo continuo e cristalino. O som que se repete, que se altera de cada vez que se repete, eu mesma em histórias diferentes...

O som que ecoa no bosque. Esse mesmo bosque onde me lembro de correr, livre. Onde me lembro de ter comungado a vida e o ser com aquela luz doirada e algo sinistra. O bosque tem vida. Mais vida que as pessoas que conheci ao longo da minha.

O fechar do meu ciclo...
Um padrão que se repete e se altera de cada vez que se repete. Como a água. Há algo de intemporal no viver. Há algo de intemporal em mim.

Desde que me lembro de ter consciência que me lembro de não procurar, recordo-me ser uma criança feliz e grave, com o mundo nos olhos, uma alma demasiado velha para ser criança. Nasci de onde? De que momento parado no tempo terei surgido?

Não sei o meu nome. Afinal que nome terá uma mulher se não esse mesmo? O meu nome conquistei-o Altera-se consoante quem me vê, a cada momento reencontro-me e invento-me. Acontece isso com todas as coisas que existem, alteram-se, modificam-se, que sentido o de um ser imutável? Que há assim de tão imutável em nós?

Se fosse um elemento, que elemento seria?

o meu livro



Tudo o que sei
está contido neste livro
escrito sem testemunhos
edificio sem dimensão
cidade suspensa no ar

Reentrei no meu próprio livro para encontrar a paz

Anais Nin

Wednesday, January 04, 2006



Buçaco 2006