Thursday, December 06, 2007

Going Retro

Mod art

Wednesday, December 05, 2007

Da Psicoterapia como uma das Belas - Artes


Cancello diz, no “fio das palavras” que o que caracteriza a humanidade é a procura da essência. Existir é essa procura. Como psicoterapeutas o que nos propomos nesta relação tão especial e diferente, que na sua neutralidade possibilita um potencial projectivo, é promover o Encontro (Buber). Um Encontro entre o Eu e Tu que reabilita a possibilidade amorosa, dialógicamente no entre nós, aceitando e confirmando o outro, abrindo-lhe a possibilidade de atingir o seu potencial humano. Ajudando-mo-lo a acreditar que pode ser amado, amando-o, num amor transpessoal e humanista que transcende o amor romântico (Cardella). Responsabilizando-o por si, dando-lhe a perceber que é ele quem maneja os instrumentos e o retorno das coisas agindo sobre elas. Alcançando a cosmovisão do outro (Yalom), permitimos-lhe encontrar o seu projecto existencial, o seu sentido da vida, ultrapassando o seu isolamento existencial e o seu receio da finitude, essa morte em vida que paralisa. E tudo isto aqui, neste momento, presentificando a memória e reparando-a na relação aqui, reassegurando-o, seguindo o fio das suas palavras e desse modo saber ler no seu mapa sem a preocupação de explicar. E ao abdicar da necessidade de explicar, abdicando de criar uma distância assimétrica pelo prazer de conhecimento, possibilitamos-nos sim compreender, fechar os olhos e deixarmo-nos guiar pelo seu sentir, pela sua percepção dos coisas.
A psicoterapia torna o implícito explicito e o não consciente consciente, através da narrativa, palavras que traduzem imagens, sentimentos e intuições ao ouvinte. E esse encontro é fundamental, além de ser a base da psicoterapia é a solução criada no momento agora , para promover mudança ou fazer uma viagem no sentimento partilhado (Stern).Ou seja vai potenciar uma reestruturação da sua vivência. A dimensão temporal é matriz, é chave para entrar na vivência do sujeito. Vai reestruturar o passado, mas uma vivência registada nos moldes temporais vividos (Experiência Emocional Correctiva- Alexander). É um processo neurológico em que o domínio temporal (Cairus) abre a janela de oportunidade que é o encontro gerador de mudança.E é neste encontro em que o terapeuta tem que estar totalmente presente, autêntico, disponível e abdicar de si sem abdicar de si, num equilíbrio que se pretende absoluto sem negar a humanidade e o sentir, que o terapeuta se encontra e se perde por vezes na responsabilidade. E é assim, numa actividade que envolve um domínio profundo da técnica e da teoria e que exige um conhecimento profundo de si e disponibilidade e competência de amor por si e pelo outro, que se dá uma forma de arte, em que o todo é muito mais do que a soma das partes, e a variável x está para além das palavras.

Sunday, November 18, 2007

Quiet nights of quiet stars

"I don´t know what it is about you that opens and closes"

I have been here before
but when or how i cannot tell
i know the grass beyond the door
the sweet, keen smell
the sighing sound, the lights around the shore

You have been mine before
Rossetti

Tuesday, October 30, 2007

Re:Sofia

Linda, se achas que isso é insólito, check this out!!


Quando Olinka Vistica e Drazen Grubisic, dois artistas a viver em Zagreb, se separaram, questionaram-se sobre o que fazer com os seus objectos comuns. Como queriam fazer algo diferente, decidiriam não os partilhar nem os destruir nem os deitar no lixo. Juntaram-nos e pediram a outros amigos com rupturas amorosas mais ou menos recentes que fizessem também uma contribuição. E assim nasceu o Museu das Relações Falhadas. Em Tacheles, o mítico edifício dos artistas “ocupas” na parte oriental de Berlim, juntam-se objectos mais esperados, como anéis, um vestido de casamento, umas algemas com pêlo cor-de-rosa, e outros um pouco mais insólitos, como um machado, uma prótese, uma bicicleta ou uma cafeteira. Todos são acompanhados de uma breve descrição do fim da relação – a ideia é ter um efeito catártico.
in PÚBLICO
28/10/07

Sunday, October 28, 2007

Going Pop



Terror de te amar num sitio tão frágil como o mundo

Egon Shiele
"A hora da partida soa quando escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando a noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece ,onde tudo nos mente e nos separa
Que nenhuma estrela queime o teu perfil, que nenhum Deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro, livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
E aprendi, nesta hora
Sinto que hoje novamente embarco, para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras e o meu desejo canta , por isso marco nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo, aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera o peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.

Ao longe por mim oiço chamando a voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar..."
Sophia Mello Breyner Andresen

"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre." Miguel Sousa Tavares

Sophia Mello Breyner Andersen era uma mulher extraordinária e criou um filho com uma imensa sensibilidade! Esta foi a despedida dele aquando da sua morte. Esta é também uma enorme lição para todos nós, que nos ensina acerca da imprevisibilidade da vida e ter a consciência da nossa mortalidade, vulnerabilidade, e acima de tudo, que podemos cristalizar memórias, mas nunca pessoas...


Wednesday, October 10, 2007

travelling with no destination


Thursday, October 04, 2007

No Principio da Incerteza

“O maior impacto do princípio da incerteza sobre a ideia do eu, não vem das suas implicações no livre-arbítrio e determinismo, nem da sua sugestão de que nós nunca podemos conhecer realmente o mundo, mas da sua tese de que nós não podemos conhecê-lo, dado que nossos esforços em fazê-lo alteram e de alguma forma corrompem o mundo que nós estamos a tentar conhecer. A ideia do eu humano consciente como um perturbador, um modificador, um poluidor da realidade, podem sempre ter sido parte da filosofia e da arte, mas foi Heisenberg que pela primeira vez demonstrou cientificamente que os nossos esforços para compreender o que nos circunda se devem derrotar a si mesmos." Menaker, D. (NYT Magazine, Oct17,1999, PP96)

Ou seja, mudamos o mundo quando o observamos... Tudo é incerto e indeterminado, tal como as nossas percepções, vontades e intenções... alteram-se e reinventam-se consoante o contexto, a vontade, a emoção, o momento e a pessoa... em mim, o maior impacto desta tese é precisamente sobre o livre arbitrio e sobre a responsabilidade individual. Tudo se altera quando interferimos, e interferimos somente por estar, olhar, dizer... o poder sobre sobre a acção, a resposta e a consequência é nosso também... em permanente movimento e mutação.